terça-feira, 19 de janeiro de 2010



Nome: Mariline Isabel Correia Soares
Idade: 18anos
Residência: Sande
Profissão: Estudante

1- Qual é a doença de que é portador?
Cancro de linfoma de hodgkin.
2- Como é que descobriu que possuía essa doença?
Tudo começou quando eu tinha 10 anos, exactamente no mês de Outubro de 2001.
Ao inicio os sintomas que tive foram: dores de cabeça, dores de barriga, vómitos, perda de apetite e febres altas. A minha mãe começava a achar estranho e então no dia 8 de Outubro de 2001, decidiu levar-me ao médico. O médico observou-me e disse que deveria ser apêndice, ficou desconfiado e mandou-me fazer exames.
No dia seguinte fui fazer as tais análises que acusaram valores muito altos, não me lembro de quê, enviaram me então para o Hospital de Amarante.
O médico mandou-me fazer novamente análises concluindo que não era apêndice. Nesse mesmo dia fiz um raio X, e lá fiquei internada para observação, durante 8 dias. Foi durante esse tempo que descobriram que tinha um gânglio grande na axila esquerda, diziam que fui arranhada por um cão ou por um gato, o que era impossível pois não tenho animais. Por consequente fiz várias ecografias a vários sítios, como a axila e a barriga.
Os médicos daquele hospital não conseguiam descobrir o que eu tinha, cada vez mais a minha febre aumentava, então decidiram enviar-me para o Hospital Maria Pia, no Porto, isto no dia 15 de Outubro de 2001.
Permaneci lá por mais oito dias, foi lá que descobriam o que eu tinha. Tive de repetir os exames e no dia 19 de Outubro de 2001 fui ao Hospital Santo António fazer uma biopsia ao gânglio que tinha na axila esquerda, no mesmo dia o resultado chegou e o médico disse à minha mãe o resultado da biopsia que provava que eu tinha cancro de linfoma de Hodgkin.
Sei que a minha mãe se foi apoiar naquele momento na minha família, não sendo eu a primeira a saber. Apenas me disseram que eu tinha de me deslocar para outro Hospital, chorei, não sabia o que estava acontecer comigo e estava assustada. Não me deixaram ir embora quando eu pedi, mas levaram a minha família até mim, quando o meu pai se aproximou começou a chorar e eu não percebia o que se passava, a minha mãe dizia que eram saudades, mas nunca acreditei.
No dia 22 de Outubro 2001 fui para o IPO, foi então quando me deparei com aqueles meninos e meninas todos sem cabelo, perguntei se iria ficar igual e a resposta foi: “-Sim.”; fiquei muito triste. E só tive conhecimento da minha doença no IPO.
3- Como reagiu quando descobriu? Como se sentiu?
Não consigo explicar como reagi porque era muito pequena, mas lembro-me apenas de sentir muito medo do meu cabelo cair, sentia-me muito triste.
4- Qual foi a primeira pessoa a quem contou? Porquê?
Não contei a ninguém porque toda a gente soube primeiro que eu.
5- Como reagiram as pessoas que a rodeiam?
Mal, ou melhor com medo, porque o médico disse que 95% das pessoas com essa doença morrem. Podia eu ser ou não uma pessoa dessas 95%. Quanto a mim entrei no IPO sem esperanças quase nulas, a minha doença encontrava-se no último grau, o 4º grau. 6- Qual o tratamento que teve de realizar?
Vários tratamentos, o primeiro foi quimioterapia, de seguida auto-transplante e passado 5 meses fiz novamente quimioterapia e depois radioterapia.
7- Em que consistiu esse tratamento?
Os tratamentos que eu fiz consistiam em várias e diferentes formas. É muito complicado explicar.
8- Já terminou esse tratamento?
Se sim: foi doloroso?
Sim já terminei os tratamentos. Posso dizer que são muito dolorosos os tratamentos. Desanimavam-me, cansavam-me muito, mas no final de cada um recuperava sempre a força.
9- Os resultados foram positivos?
Se não: o que aconteceu? Sim foram positivos. Tive várias recaídas e alguns tratamentos tiveram de ser mais duradouros que outros devido ao meu estado. Mas já estou bem, os resultados dos tratamentos foram sempre positivos.
10-O que mudou na sua vida com esta doença?
Não mudou nada da minha vida. Sou uma pessoa normal faço tudo normalmente, como todas as pessoas.
11-E hoje, como se sente?
Hoje sinto bem, feliz com a vida, realizada. Sempre com força para lutar. Como costumo dizer: estou aqui para enfrentar tudo.